quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Ford GT40 em Le Mans

Em 1963, quando Enzo Ferrari desistiu de última hora de concluir a venda da Ferrari para a Ford, Henry Ford II, que já tinha como objetivo ter um carro nas 24 horas de Le Mans, ficou ainda mais destinado a acabar com a sequência de vitórias que a Ferrari tinha.
             


Depois de algumas pesquisas e apresentações, a preparadora escolhida para assumir o projeto de Ford foi a Lola Cars, que já avia se consagrado da década de 60 como uma das principais fornecedoras de carros e motores de corrida. O carro escolhido como base para o protótipo da Ford foi o Lola mk6.



O mk6 apresentou um ótimo desempeno em Le Mans nas 151 voltas que concluiu, mas teve que deixar a pista por problemas mecânicos, utilizava um V8 ford 289 (4.7 litros), o primeiro motor de alto deslocamento em Le Mans, todas as Ferraris tinham menos de 4 litros.
Com a pressa de correr ainda naquele ano, o Ford já batizado de GT40 (40 se refere à altura dele em polegadas), foi levado para o circuito de 1000 km de Nürburgring, mas não conseguiu completar por complicações mecânicas -  o mesmo aconteceu em Le Mans, de 3 carros escritos, nenhum aguentou até o final.
Apesar de não terminarem a prova, os GT40 tiveram um excelente desempenho, e já mostraram para a Ferrari que não estavam para brincadeira. Mas a corrida ainda precisava ser ganha, então a Ford chamou um nome de peso para assumir o projeto, o texano Carroll Shelby. Seu carro, o Shelby Cobra Daytona Coupe, tinha terminado a corrida no ano anterior em quarto lugar.
Shelby já estava envolvido com a Ford em outros projetos, principalmente no GT350, versão mais apimentada do recém-nascido Mustang, era claramente a pessoa mais adequada para o cargo.
Em 1965, no comando do projeto, Shelby trouxe os GT40 do Reino Unido para o Texas e decidiu instalar neles os gigantes motores que a Ford já usava na Nascar, o V8 big block 427 pol³ (7.0 litros) de 500 cavalos, mas o motor também era maior e mais pesado, exigindo modificações na carroceria, monobloco e suspensão, além da adoção de uma nova transmissão, de quatro marchas.
Naquele mesmo ano, o novo GT40 venceu as 24 horas de Daytona, uma vitória muito importante que comprovou que Shelby estava certo, mas o sucesso não se repetiu em Le Mans, pela pressa do projeto, não se teve tempo para medir o consumo de combustível dos carros, e as inúmeras paradas para abastecer tiveram o seu preço. Como se não bastasse, o intenso calor no meio do ano na França castigou os motores, fazendo com que os dois carros inscritos tivessem que deixar a prova por problemas nas juntas de cabeçote.
As falhas foram corrigidas em 1966, agora com um carro mais confiável, os quatro inscritos saíram na frente e mostraram bom desempenho durante toda a prova, apesar de um deles ter alguns problemas mecânicos e não conseguir concluir, os demais chegaram em primeiro, segundo e terceiro lugar.
Em 1967, após mais alguns aprimoramentos, o GT40 ainda ficou em primeiro lugar, esse ano, ele foi totalmente produzido nos Estados unidos, sendo o primeiro e único carro até hoje totalmente americano, e pilotado por um americano a vencer as 24 horas de Le Mans.
 Infelizmente, em 1968 os organizadores limitaram o tamanho dos motores para 3 litros, ou 5 litros para carros com mais de 50 produzidos, sendo o fim do GT40 com o big block de 7 litros, mas o 4.7 ainda estava apto para correr
Nesse ano, a Ferrari Scuderia ficou fora da prova, as Ferraris que correram eram de equipes independentes e não atrapalharam a terceira vitória consecutiva da Ford, mas esse ano, um concorrente veio com tudo, os protótipos da Porsche passaram toda a corrida na cola dos GT40 e o fato de três dos quatro carros inscritos abandonarem a prova, deixou a situação ainda mais crítica. Obviamente a Porsche não ia voltar com os mesmos carros, então o GT40 teve que ser novamente melhorado, desta vez, com motor aumentado para 4.9 litros e juntas de cabeçote mais resistentes, um único carro foi inscrito e venceu novamente a Porsche com uma volta de vantagem
No ano seguinte, a Ford continuou apostando na receita que já tinha dado certo no ano anterior e colocou dois GT40 para correr que chegaram em primeiro e terceiro lugares.
O GT40 encerrou sua história em Le Mans com chave de outro, na década seguinte já era um carro obsoleto e deixou de participar da corrida, o que acabou favorecendo a Porsche que venceu no ano seguinte.
Depois de aposentados, os GT40 da década de 60 são os Ford mais valorizados atualmente, o primeiro modelo que venceu a Ferrari está avaliado em mais de 8 milhões de dólares. Em 2005 ele foi relançado em edição especial com motor 5.4 supercharged e em 2015 a Ford apresentou um novo Ford GT, não há muitas informações sobre ele, mas terá produção limitada e deverá custar em torno de 400 mil dólares.











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